Le Petit Soldat (1963)

Le Petit Soldat (1963)

Na Genebra do início dos anos 1960, agentes secretos se engajam, em território neutro, em um combate cujo pano de fundo é a Guerra da Argélia. O repórter francês Bruno Forestier é coagido a participar do embate pelos colegas, membros de um grupo direitista em luta contra os revolucionários da FLN argelina. Em Le petit soldat, Godard quer fazer uma espécie de romance político, como Malraux em A condição humana, mas ele próprio não sabe ainda se é de direita ou de esquerda; diletante, só é capaz de pensá-las como possibilidades. Não por acaso, seu herói Bruno Forestier (Michel Subor), filho tanto de Drieu La Rochelle como de Aurélien de Aragon (um de direita, outro de esquerda), é uma espécie de agente duplo. Pego apaixonado no meio da guerra entre a FLN (Frente de Libertação Nacional) argelina e a facção franco-direitista da qual tenta se desvincular, o petit soldat filia-se aos heróis individualistas de Fuller, mas seu pai é o mercenário de Cinzas e diamantes (Wajda, 1959), de quem retoma o lema: “O importante na vida é não se dar por vencido”. Capturado por revolucionários da FLN, Forestier é torturado por algozes que leem o Livro vermelho de Mao. Espantoso pensar, retrospectivamente, à luz da fase maoísta de Godard, que é assim que se lê Mao pela primeira vez em sua obra. No entanto, é exatamente nesse momento que esse filme indefinido e confuso (do mesmo tipo de confusão e indefinição política e moral que Godard percebia no Lang alemão) de um ser estético que projeta sua fase ética como apenas mais uma possibilidade, de um esteta falando de política, cuja única política era a do cinema (a “política dos autores”), revela-se simultaneamente como o filme mais apolítico e o mais político da primeira fase de Godard.

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